Páginas

domingo, 3 de abril de 2011

Conversa Onírica

Nocturno -- Alejandro Gama, Aguascalientes, Mexico

Olá Sonho. Depois de tantos delírios e guerras que travei por e contra ti, sem sucesso, tento agora quem sabe entendê-lo. Tu que machucas pelo passado, pelo presente e pelo futuro, onde eu sei que ainda estarás. Talvez como um sonho bom, espero. 

Como é possível entender algo tão cheio de contradições, metamorfoses e caprichos? A ilusão que o acompanha o faz assim, não é? Ora um conforto, uma nuvem azul aconchegante. Ora um pesadelo, uma chuva de espinhos. 

Se tu fosses um ser, me comoveria. Ofereceria ajuda. Ao menos ouvidos e ombros. Mas tu és um sonho. Imensidão de desejos de realidade. Será que um dia deixarás de ser o que é? Serias então o preenchimento, uma coisa animada, maior que um simples querer. Seria sentimento com raiz de primavera!

É por isso que não consigo te mandar embora daqui. A esperança das flores é mais forte do que a dor de sua temporada de aspereza. Mas bem que tu podias ser minimamente grato pela acolhida, não é? Encontrou aqui dentro um bom lar, admita. Aqui onde podes fazer chover, rabiscar as paredes, fazer entrar o vento ou o brilho do sol. 

Acho que me acostumei com a tua estadia. Mas não com tua inconstância. Enquanto hesita, terei que adormecê-lo. Dorme Sonho. E me deixa acordar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário