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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Caixas

Por alguns minutos peço licença à estrutura poética. Às vezes o que pulsa dentro de si não espera o formatar de algumas estrofes em tom subjetivo. Clama pela prosa, não menos sincera.

Admito, porém, que alguma confusão há de se construir com estas frases. Nada mais justo quando são escritas por uma alma com coração e mente desordenados.

É como se houvesse uma enorme caixa de madeira. Fechada. Dentro dela estou eu... pedindo pra sair, forçando a tranca.

Eu empurro, empurro, empurro, e abro-a finalmente.

Mas quando saio, aliviada, liberta enfim!... há outras caixas ao redor, como se fossem setores de mim mesma.

Chego mais perto de uma delas. Parece a mais machucada pelas tentativas de fuga de seu conteúdo. Sua embalagem guarda vestígios de um lindo papel de embrulho, colorido, brilhante! Hoje rasgado. Desbotado. Mas ainda com alguns pedaços bem bonitos. Como se fossem lembranças resistentes em não deixar apagar o passado.

Aproximo-me um pouco mais. Pego a caixa e tento abri-la. Não há sinais de cadeados, nem qualquer laço de fita que a prenda. Por que será que o que há dentro não sai e pronto?

Quando puxo uma de suas abas, noto que há uma espécie de ímã, cola, ou algo semelhante a prendendo. Viro-a de cabeça para baixo, de um lado, do outro. Achei!... não uma abertura, mas um cordão transparente, e iluminado!

O cordão dá a volta por todos os lados, mas sai dos cantos de cima. São como braços de uma luz estranha, que pisca como uma lâmpada fraca. Vêm de dentro da caixa. São parte do conteúdo dela!

Verdadeira contradição e loucura!

O que se esforça desesperadoramente para sair não a deixa abrir. Querer não querendo. Dois pólos contra si.

Talvez o melhor seja me livrar da caixa inteira! Desse jeito ela nunca vai se libertar, e ficará fazendo força e pulando para tentar escapar de seu próprio cadeado.

Mas dentro dessa enorme caixa ainda não há janelas grandes o suficiente. É preciso destrancar outras caixas primeiro.

Pelo menos as outras não pulam.

Um comentário:

  1. Prima todos esses textos são seus?
    Estão muito bons, você esta de parabéns.
    Fico muito orgulhoso em ver os esses textos prima, a minha admiração por você só aumenta.
    Parabéns prima *-*
    Paulo Souza

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